sábado, 7 de julho de 2012

Allium cepa

Depois de uma semana de cão, lá consegui ir jantar às 21.30h.
Muito cedo. Já não estava habituado.

Janela do tasco aberta. Mosquitos a entrar. Mg calado: umas sapatadas neles e a coisa a compor-se.
Um ou outro a cair no copo de vinho, mas como não sou esquisito foi só uma questão de os tirar de lá.
A páginas tantas, recarregar o copo. Mosquitos dentro da garrafa? Mais de 10. Malandros. Que se lixe. Não os vou tirar. Deixá-los entretidos. Roubo um copo na mesa do lado e tudo tranquilo. Já não havia mais bicharada. Copo com os bichinhos a boiar num canto e siga para novo ataque ao bife. Vem o sr. do tasco e pergunta:

Sr. do Tasco: Está tudo bem?
Mg: Tudo óptimo, obrigado!

Companhia do Mg: Tudo muito bom, obrigada.

Sr. do Tasco: Querem mais salada?

Mg: Por mim dispenso, que só gosto da cebola.
Sr. do Tasco: Quer que lhe traga mais um bocado, então?

Mg: Não, não, deixe estar.
Sr. do Tasco: Que se passa com o vinho?

Mg: Está a servir de piscina para os mosquitos.
Sr. do Tasco: Tchiiii!!! É por causa da janela que está aberta. Eles vêem a luz e entram. Deixe estar que eu fecho.

Mg: Não se incomode. Os animais já estão todos aí a boiar. Não deve haver mais.
Sr. do Tasco: Mesmo assim...

Mg: Deixe estar, a sério.
Sr. do Tasco: Nada disso.

E fecha a janela e levanta o copo e a garrafa de vinho.

Mg: Deixe lá isso.

Sr. do Tasco: Eu venho já.

E traz nova garrafa e mais um pouco de salada. Dose extra de cebola. Um imenso mar de branco.

Mg: Escusava de ser incomodar.
Sr. do Tasco: Ora essa.


Começa o Mg a atacar a cebola e a arregalar os olhos com nova garrafa (cheia, pois claro!) para emborcar.
Cebola brava. Mg duro. Foi toda!


Final do repasto.


A companhia do Mg foi pra casa: não aguentou mais.
Arroto duas vezes por minuto e peido-me três.
Dói-me a barriga.
Bafo a podre.
A aranha que há uma semana vivia no tecto parece estar morta.
A Protecção Civil isola o quarteirão.

Liga-me o Comandante.


Mg: Então, Sr. Comandante? Como está isso aí fora?
Comandante: A nuvem continua densa, Mg, e o perímetro está isolado.


Mg: Mas posso sair?
Comandante: Não. E não prevejo que seja levantado o alerta laranja até ao inicio da manhã. Vamos ver como o tempo se comporta e se isto se dissipa. Aguardemos.

Mg: Mas Comandante, a mulher foi pra casa e eu queria ir tomar um copo.
Comandante: Negativo. Não pode sair de casa. Tem de ficar em isolamento.

Mg: Mas...
Comandante: Aproveite para descansar, Mg. Teve uma semana complicada e a próxima não será melhor.

Mg: Não exagere. Vou sair.

Comandante: Negativo. Está de quarentena. Não se atreva a vir à rua ou teremos de tomar medidas.



Mg:  Mas...

Comandante: E mantenha-se debaixo dos cobertores até termos resultados das análises ao ar. Isto pode ser matéria muito perigosa para a saúde pública.



Mg: E como respiro? O oxigénio, mais minuto, menos minuto, vai acabar.

Comandante: Não seja mariquinhas. Não precisa de oxigénio para nada.



Mg:  Ai não? Você é que é da Protecção Civil. Lá saberá...

Comandante: Por volta das oito da manhã eu ligo-lhe a fazer um relatório da situação. Entretanto obrigadinho, por me ter estragado a noite, que acho que ainda não lhe agradeci.

Mg: A culpa não é minha, porra! A cebola é que era brava...

2 comentários: